Atividade de Sociologia Toas as séries manhã e noturno - ENTREGA 21/07/2015
De baixo para cima: a greve dos rodoviários em Salvador
27 de maio de 2014
O que deveria ser a repetição do
velho roteiro transformou-se num capítulo que há anos não se via na
história das lutas desta cidade. Por Passa Palavra
Estava programada para a madrugada do
dia 26 para o dia 27 de maio o início da paralisação dos rodoviários em
Salvador. O sindicato, entretanto, decretou o fim da greve mesmo antes
dela começar. O que deveria ser a repetição do velho roteiro
transformou-se num capítulo que há anos não se via na história das lutas
desta cidade.
Na
assembleia de poucos dias antes (22 de maio), os rodoviários, além do
indicativo de greve, estabeleceram suas exigências: aumento de 15% nos
salários e de 63,5% no tíquete-refeição; redução da jornada de trabalho
de 8h para 6h; e a consequente extinção da hora fracionada de descanso.
Quando todos se mobilizavam para parar a cidade, chega a notícia aos
trabalhadores: o sindicato aceitou a proposta dos empresários (um
aumento salarial de apenas 9%).
Foi exatamente assim que aconteceu no
ano passado e em tantos outros. O final deveria ser também igual:
cobradores e motoristas aceitando o acordo imposto sem ter muito o que
fazer. O sindicato chegou a simular uma assembleia de aclamação da
proposta, que aconteceu minutos antes do horário anteriormente
combinado. Na sede do Sindicato dos Eletricitários da Bahia
(Sindenergia), localizado na Sete Portas, a poucos metros do Terminal do
Aquidabã, local onde historicamente a categoria se reúne, se passaria
mais uma fraude caso algo não tivesse saído do roteiro.
A manobra buscava inviabilizar a
participação da categoria. Em conversa com os próprios rodoviários
acampados em frente à sede do Sindenergia, foi nos relatado que as
pessoas que votaram a favor da proposta encaminhada à categoria pelo
sindicato não eram rodoviários. Como de costume, a burocracia do
sindicato havia alugado pessoas para posar na foto com as mãos
levantadas em apoio à proposta dos patrões da SETPS (Sindicato das
Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador).
Daí para a frente a imprensa passou a
divulgar amplamente que não haveria mais greve. O acordo era anunciado
como uma grande vitória da categoria. Mas quando as pessoas saíam dos
seus trabalhos e tentavam retornar para casa veio a surpresa: não havia
ônibus nas vias principais da cidade, e nos principais terminais de
ônibus os rodoviários, revoltados com a decisão do sindicato, cruzavam
os braços e desligavam os motores.
Esta paralisação inicial e descentralizada durou um par de horas ou talvez um pouco mais. Logo em seguida, usando do Whatsapp
(aplicativo para celulares que permite conversas instantâneas entre
diversos aparelhos), os rodoviários criaram uma rápida e eficiente
infraestrutura de comunicações e decidiram se somar aos que já estavam
em frente ao Sindenergia denunciando a manobra do sindicato da
categoria. Aproximadamente 200 ônibus se dirigiram para a frente do
Sindenergia, e um número ainda maior de trabalhadores, entre cobradores e
motoristas, foi para lá mesmo sem os veículos. O objetivo era fazer a
direção do sindicato recuar da decisão que tomara sem consultar a base e
garantir que, desta vez, as exigências fossem atendidas plenamente.
Ao
chegar no local da assembleia fraudulenta, os cobradores e motoristas
ainda tiveram a oportunidade de ver os burocratas do sindicato e os
trabalhadores de aluguel saírem correndo, abandonando o local que
imediatamente foi ocupado pelos grevistas. Segundo um dos rodoviários,
que passou a montar acampamento em frente ao Sindenergia, dali para a
frente a adesão foi próxima dos 90% da categoria. Os ônibus que ainda
circulavam foram paralisados pelos trabalhadores e mais pessoas aderiam à
greve.
Por
volta da meia-noite, horário originariamente programado para o início
da greve, ainda havia cerca de quatro centenas de rodoviários e mais de
uma centena de ônibus parados nas proximidades do acampamento. Muitos
com janelas quebradas. Não havia líderes centralizando as decisões e
qualquer desentendimento era resolvido por grupos pequenos. O clima era
tranquilo e de confraternização, apesar da revolta generalizada contra o
sindicato e o SETPS. A menos de um quilômetro, trabalhadores de outra
categoria davam os retoques finais na Fonte Nova, um dos estádios que em
duas semanas abrigará os jogos da Copa do Mundo.
Aliás, sobre o clima no local é
interessante escrever mais algumas linhas. Havia poucos policiais nas
proximidades e nenhum partido político nem trabalhadores da imprensa ou
organização de qualquer outro tipo. Ainda com as fardas, os rodoviários
gastavam o tempo contando como colocaram os advogados do sindicato pra
correr, jogando dominó ou relatando o duro cotidiano do trabalho. Uma
das questões que mais os revoltava era o tratamento dado à categoria
durante o carnaval. Um cobrador nos confidenciou que nunca havia visto
nada igual àquele movimento grevista; e outro, questionado sobre como se
daria o processo decisório dali para a frente, apenas deu de ombro e
disse: “quem quer falar vai e fala, não tem lideranças”. Em pequenos
grupos, discutiam o que deveriam fazer quando o dia amanhecesse.
Até então, nenhum dirigente do
sindicato, além dos seus advogados, havia aparecido no local para
conversar com os grevistas. Nenhum representante dos empresários ou da
Prefeitura também. Enquanto os patrões e burocratas passaram a noite
tentando entender o novo estágio das lutas no país, os trabalhadores
transformavam a revolta em auto-organização ali mesmo, bem no meio da
rua.
Retirado e adaptado de: http://passapalavra.info/2014/05/95678
VEJA
27 de maio de 2014 / Nordeste
Na capital maranhense, 740.000 pessoas estão sem transporte público.
Na Bahia, 1,5 milhão de pessoas afetadas e coletivos não circulam
Greves de onibus castigam população em São Luis e Salvador
Greves deixam a população de São Luís, no Maranhão, e Salvador, na
Bahia, sem ônibus nesta terça-feira. Na capital maranhense, a circulação
dos coletivos está comprometida desde quinta-feira, quando os
rodoviários do município decretaram greve. Somente nesta terça, contudo,
100% da frota foi paralisada. Já na capital baiana, houve um acordo
entre sindicato e empresários do setor na noite de segunda, mas
motoristas optaram pela paralisação por não concordarem com os termos da
proposta. Alguns rodoviários não aceitaram a validade da assembleia
comandada pelo sindicato. Eles alegam que a proposta do patronato foi
apreciada por um grupo de 40 motoristas e cobradores vinculados ao
sindicato. A paralisação atrapalha o cotidiano de cerca de 1,5 milhão de
pessoas. Embora o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) tenha determinado
que ao menos 70% dos ônibus circulem em Salvador, sob pena de pagamento
de multa diária de 100.000 reais, as garagens permanecem fechadas. Os
pontos estão cheios e veículos clandestinos fazem o transporte da
população.
O sindicato dos motoristas e cobradores já foi multado em 96.000
reais por descumprir a decisão do TRT. Os rodoviários pedem 16% de
aumento salarial; reajuste do vale-alimentação; inclusão de um
dependente no plano de saúde e implantação do plano odontológico.
Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram deslocados para
a porta de algumas empresas para evitar conflitos entre os grupos que
impedem a saída dos ônibus e os que querem trabalhar. São Luís conta com
1.107 veículos para realizar o transporte coletivo. O prefeito de
Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) afirmou, por meio de nota,
que acreditava no acordo entre os sindicatos dos empresários e dos
rodoviários e que a decisão tomada em assembleia é consequência das
negociações entre as partes, segundo informações do jornal
A Tarde.
Em São Luís a categoria, que conta com 4.500 integrantes, alega que
não houve avanço nas negociações entre trabalhadores e patrões e por
isso decidiu cruzar definitivamente os braços para pressionar os
empresários do setor a apresentarem uma proposta de reajuste salarial.
As informações foram divulgadas pelo jornal
O Estado do Maranhão.
Os ônibus foram recolhidos às garagens das empresas e os rodoviários,
orientados pelo sindicato, não compareceram ao trabalho nesta manhã.
Cerca de 740.000 pessoas ficarão sem transporte público em São Luís e
região metropolitana.
Ilegalidade - Em julgamento na noite desta
segunda-feira, o TRT de São Paulo (TRT-SP) considerou abusiva e ilegal a
greve dos motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista
realizada na terça e quarta-feira da semana passada. Por cinco votos a
dois, a Corte decidiu aplicar uma multa de 200.000 reais ao
Sindmotoristas, que representa os trabalhadores, e o SP Urbanuss,
representante das empresas de ônibus.
O TRT considerou a paralisação abusiva por não ter sido aprovada em
assembleia e não ter havido comunicação prévia, com ao menos 72 horas de
antecedência. Na decisão, o Tribunal também considerou que o serviço
paralisado é essencial para a população, o que reforça a abusividade da
greve. O sindicato afirmou que irá recorrer da decisão.
Retirado e adaptado de http:/
/veja.abril.com.br/noticia/brasil/sao-luis-e-salvador-enfretam-greve-de-onibus
1 - "A informação nunca é imparcial".
A partir da afirmativa a cima faça uma relação entre midia e movimentos
sociais. Utilize as noticias a cima como exemplo, citando temos usados
em cada uma delas, objetivo, sentido, mensagem passada por elas.
2 - Como o surgimento e disseminação de novas tecnologias tem colaborado para a atuação dos movimentos sociais
3 - Quais setores da sociedade participam desse movimento
3.1 Como na maioria das vezes eles estão organizados
3.2 Em geral, quais são seus métodos de decisão e ação
3.3 Quais outros setores envolvidos nas negociações e afetados pela greve as noticias citam
3.4 O que a primeira noticia quer dizer com "de baixo para cima"
3.5 Segundo a primeira noticia a "repetição do velho" não aconteceu. O que issi quer dizer. Qual então a novidade.
3.6 O que quer dizer um movimento horizontal, quer dizer, sem "centralização" e "auto-organizado"
3.7 E o que quer dizer movimento vertical. De dois exemplos.
3.8 Quais os impactos dessa greve para a sociedade. Voce acha importante. Voce concorda. Justifique.