Leia o texto, e a seguir responda às questões:
África
O início do
processo de ocupação do continente africano pelos europeus ocorreu de duas
formas. A primeira, de caráter comercial, iniciou-se entre os séculos XV e XIX
e caracterizou-se pela ocupação de algumas áreas litorâneas, utilizadas para o
comércio de mercadorias (peles, ouro, pedras preciosas, madeira, marfim) e
escravos. A segunda, pela ocupação e domínio do território africano. É esta
segunda fase que será abordada na seqüência.
Colonização: partilha da África
Na segunda metade
do século XIX, os países europeus industrializados disputavam áreas no mundo,
principalmente na África e na Ásia, que lhes garantissem o fornecimento de
matérias-primas, o consumo de produtos e onde pudessem investir o excedente de
seus capitais.
Grandes
explorações geográficas foram organizadas com o objetivo de descobrir riquezas,
dominar povos e territórios no continente africano. Posteriormente, foram
organizadas expedições missionárias com o propósito de doutrinar os povos
africanos, impondo a religião e a cultura do branco europeu. A partir da
dominação das relações comerciais locais, da exploração mineral e da
intervenção em assuntos políticos internos das populações autóctones (que é de
origem do local onde se encontra, sem resultar de imigração; aborígene, indígena,
nativo), instituiu-se a efetiva colonização da África.
Este
processo não ocorreu de forma pacífica, devido à rivalidade entre as potências
europeias, que “jogavam” seus domínios africanos uns contra os outros, com a
finalidade de ampliar suas conquistas territoriais. Esta atitude dos europeus
reflete-se até os dias atuais, observada principalmente nos conflitos étnicos
que ocorrem na Europa. Os africanos resistiram á dominação, fato que resultou
na morte de milhares de pessoas e dizimou milhares de organizações tribais.
A
partir de 1880, a
disputa pelo domínio do território africano intensificou-se, exigindo por parte
dos europeus uma organização para tentar evitar confrontos desgastantes para
todos. Em 1884, as principais potências europeias reuniram-se na Conferência de
Berlim a fim de normatizar a ocupação da África. Nessa reunião, o continente
africano foi dividido sem que fossem respeitadas as características étnicas,
culturais, linguísticas e históricas de cada povo dominado. Esse fato levou à
desorganização política-econômica e social das antigas comunidades africanas,
tirando-lhes a identidade cultural.
Das
40 unidades políticas divididas até 1913,36 passaram a ser controladas
diretamente pelos europeus. Apenas a Etiópia, que havia expulsado os italianos
de seu território, e a Libéria, ligada ao Estados Unidos, mantivera-se
independentes. No início da Primeira Guerra Mundial, 90% do continente africano
encontrava-se sob domínio absoluto dos europeus. Somente a França detinha um
terço da África.
Descolonização da África
Em 1939, sete
potências europeias ainda mantinham dominações na África: Grã-Bretanha, França,
Holanda, Itália, Bélgica, Espanha e Portugal. Alguns desses países passaram a
estimular o autogoverno, sem concederem, entretanto, a independência política.
A
partir do final da Segunda Guerra Mundial, uma Europa destruída e politicamente
enfraquecida assistiu a uma série de movimentos separatistas por toda a África.
Contudo, a independência da maior parte dos países africanos somente
concretizou-se nas décadas de 1960 e 1970 do século XX.
Muitos
desses movimentos separatistas contaram com o apoio militar e bélico dos
soviéticos, que tinham por objetivo expandir seus domínios e viam, nos novos
países, um terreno fértil para isso. A ação dos soviéticos fez com que os
Estados Unidos passassem a apoiar às facções contrárias a ingerência soviética.
Além, disso, os Estados Unidos, passaram a pressionar os países europeus para
que realizassem uma independência negociada pelos africanos, para tentar
mantê-los sob o regime capitalista.
Neste
novo cenário, a África, que havia se libertado recentemente da exploração
européia, passou a ser palco de guerras e conflitos gerados pela Guerra Fria
entre as novas superpotências mundiais, EUA e URSS.
Com
o fim da Guerra Fria, os países africanos deixaram de interessar aos poderosos
países e passaram a enfrentar as conseqüências de sua história. Sua
independência foi acompanhada de violência e da instalação de regimes políticos
opressores.
As
fronteiras artificialmente criadas colocaram numa mesma fronteira povos
diferentes e tribos milenarmente inimigas. Esse fato gerou uma acirrada luta
pelo poder e por terras entre grupos étnicos distintos, uma grande dificuldade
na manutenção de uma unidade nacional e a quase impossibilidade de se
estabelecer uma organização político-econômica como Estados-Nação.
A
independência política não garantiu aos países africanos a autonomia e o
desenvolvimento econômico, pois eles continuam mantendo operações comerciais predominantemente
com as nações europeias, que também controlam a produção agrícola e o
extrativismo mineral, por meio das multinacionais instaladas na África. Outro
fator agravante nos países africanos é a existência de uma classe dominante
europeias, que dificulta o desenvolvimento interno e a melhoria das condições
de vida da população.
Conseqüências da colonização
Entre
as graves conseqüências deixadas pela colonização, destacam-se os conflitos
étnicos e religiosos que devastaram o continente africano.
Após
a independência, várias guerras ocorreram na África: a guerra entre Somália e
Etiópia, no período de 1977 até 1988; a guerra civil na Nigéria, conhecida como
Guerra de Biafra, que durou de 1966 e perdurou até o final da década de 1980,
caracterizada por guerrilhas contra a África do Sul, que exercia o domínio
sobre a região.
Esses
conflitos, entre outros, levaram milhões de africanos à morte, diretamente ou
pela fome. Um dos conflitos atuais que mais chocaram o mundo foi o que ocorreu
entre os hutus e tutsis, em Ruanda.
Países como Etiópia, Eritreia,
Somália, Sudão, Quênia, Zâmbia, Uganda e Djibuti, nações nas quais a fome é
responsável pela morte de milhões de africanos há muito tempo, foram afetados
pela guerra e pela seca, responsáveis por destruir parte ou a totalidade de
seus sistemas produtivos.
Atividade de Geografia
Objetivos: Identificar os processos econômicos da história da
humanidade nas atuais desigualdades entre países ricos e pobres. Compreender os
significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
1. Como se deu o processo de ocupação do
continente africano pelos europeus na segunda metade do século XIX, na chamada
corrida imperialista? Explique.
2.
Leia
o relato de um professor universitário congolês, residente no Brasil:
“As conseqüências da
descolonização da África são muitas, considerando, sobretudo, a questão das
fronteiras, classificadas como ‘artificiais’, por, às vezes, separar povos de
mesma língua ou da mesma tribo.”
Sébastien Kiwonghi Bizawu. O Conselho de
Segurança da ONU e os conflitos nos Grandes Lagos.
Barueri: Minha Editora,
2008.p.57.)
Relacione as fronteiras
artificiais à Conferência de Berlim.
3. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, uma Europa
destruída e politicamente enfraquecida assistiu a uma série de movimentos
separatistas por toda a África. Contudo, a independência da maior parte dos
países africanos somente concretizou-se nas décadas de 1960 e 1970 do século
XX. Quais foram as duas potências mundiais que passaram a agir sobre o processo
de independência desses países? E de que forma? Explique.
4. A independência política de países
africanos serviu como garantia para seu desenvolvimento econômico? Justifique
sua resposta.
5. Quais foram as conseqüências deixadas
pela colonização na África?