Objetivos:
Identificar e analisar os indicadores e as características do
subdesenvolvimento.
Leia o texto a seguir:
As calamidades e a oportunidade
“Falo de calamidades porque o dilúvio que se acaba de
abater sobre Moçambique é apenas a ponta do iceberg, um elo de uma cadeia de
calamidades, algumas bem mais tenazes, com que Moçambique vai se defrontar nas
próximas décadas. Por essa razão, é incorreto considerar as inundações como uma
calamidade natural. O que torna o drama de Moçambique particularmente
excruciante (angustiante) é o nível de subdesenvolvimento sobre o qual se
abateram as chuvas torrenciais. Aí residem duas das maiores calamidades que
Moçambique vai enfrentar na próxima década: a pobreza absoluta e a AIDS.
Segundo os dados do Relatório do desenvolvimento humano1999, que será publicado
no próximo mês de abril, em 1997, 69% da população de Moçambique vivia abaixo
da linha de pobreza absoluta, definida como meio dólar por pessoa por dia. Mas
o mais grave é que em duas das províncias mais duramente atingidas pelas
cheias, Sofala e Inhambane, essa percentagem era de 88% e 83%, respectivamente.
Se a incidência da pobreza não for, entretanto, reduzida, em 2010 haverá 16,8
milhões de pessoas em pobreza absoluta, tantas quanto à população atual do
país. Por outro lado, Moçambique, com 0,3 % da população mundial, conta
atualmente com cerca de 5% a 6% da população mundial infectada com o vírus HIV.
[...]
Se as previsões atuais sobre o
impacto da Aids se concretizarem, a esperança de vida ao nascer dos
moçambicanos diminuirá cerca de oito anos, de 43,5 anos em 1999 para 35,4 anos
em 2010. É essa a verdadeira dimensão das calamidades que se abatem sobre
Moçambique. As inundações são tragicamente uma oportunidade.
[...]
Entre 1996 e 1998, enquanto o PIB
‘per capita’ nominal rondou os US$ 215, a dívida externa oficial rondou os US$325
‘per capita’. Acresce que a dívida externa de Moçambique é injusta. Uma enorme
percentagem dos créditos é, de fato, financiamento a fundo perdido de empresas
estrangeiras. Outra parte dos créditos é gasta em assistência técnica
estrangeira e outra ainda nas importações dos países credores ou doadores. Nem
10% do dinheiro atribuído entra, de fato, no país.”
SANTOS, Boaventura de Sousa. In: Folha de S. Paulo.
São Paulo, 21 de mar. 2000.
Agora responda:
- Aponte no texto
características que indicam o estado de desenvolvimento de Moçambique.
- Por que o autor acha
que as inundações são apenas a ponta do iceberg?
- Moçambique foi
colônia de Portugal, tendo conseguido sua independência em 1975, sob um
governo de orientação socialista. Mergulhado em uma guerra civil, em 1990
iniciou a volta à economia de mercado. De que forma o passado desse país
explica a sua situação atual? Para responder a essa questão leia o texto
(apostila) sobre subdesenvolvimento.
- Quais indicadores o
autor utilizar para medir o desenvolvimento (ou o subdesenvolvimento) de
Moçambique? Explique o que significa cada um deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário