quinta-feira, 16 de julho de 2015

Atividade de reposição de Geografia para os 3º anos A, C e D

Objetivos: Identificar e analisar os indicadores e as características do subdesenvolvimento.

Leia o texto a seguir:

As calamidades e a oportunidade

“Falo de calamidades porque o dilúvio que se acaba de abater sobre Moçambique é apenas a ponta do iceberg, um elo de uma cadeia de calamidades, algumas bem mais tenazes, com que Moçambique vai se defrontar nas próximas décadas. Por essa razão, é incorreto considerar as inundações como uma calamidade natural. O que torna o drama de Moçambique particularmente excruciante (angustiante) é o nível de subdesenvolvimento sobre o qual se abateram as chuvas torrenciais. Aí residem duas das maiores calamidades que Moçambique vai enfrentar na próxima década: a pobreza absoluta e a AIDS. Segundo os dados do Relatório do desenvolvimento humano1999, que será publicado no próximo mês de abril, em 1997, 69% da população de Moçambique vivia abaixo da linha de pobreza absoluta, definida como meio dólar por pessoa por dia. Mas o mais grave é que em duas das províncias mais duramente atingidas pelas cheias, Sofala e Inhambane, essa percentagem era de 88% e 83%, respectivamente. Se a incidência da pobreza não for, entretanto, reduzida, em 2010 haverá 16,8 milhões de pessoas em pobreza absoluta, tantas quanto à população atual do país. Por outro lado, Moçambique, com 0,3 % da população mundial, conta atualmente com cerca de 5% a 6% da população mundial infectada com o vírus HIV.
[...]
            Se as previsões atuais sobre o impacto da Aids se concretizarem, a esperança de vida ao nascer dos moçambicanos diminuirá cerca de oito anos, de 43,5 anos em 1999 para 35,4 anos em 2010. É essa a verdadeira dimensão das calamidades que se abatem sobre Moçambique. As inundações são tragicamente uma oportunidade.
            [...]
            Entre 1996 e 1998, enquanto o PIB ‘per capita’ nominal rondou os US$ 215, a dívida externa oficial rondou os US$325 ‘per capita’. Acresce que a dívida externa de Moçambique é injusta. Uma enorme percentagem dos créditos é, de fato, financiamento a fundo perdido de empresas estrangeiras. Outra parte dos créditos é gasta em assistência técnica estrangeira e outra ainda nas importações dos países credores ou doadores. Nem 10% do dinheiro atribuído entra, de fato, no país.”
SANTOS, Boaventura de Sousa. In: Folha de S. Paulo.
São Paulo, 21 de mar. 2000.

Agora responda:


  1. Aponte no texto características que indicam o estado de desenvolvimento de Moçambique.
  2. Por que o autor acha que as inundações são apenas a ponta do iceberg?
  3. Moçambique foi colônia de Portugal, tendo conseguido sua independência em 1975, sob um governo de orientação socialista. Mergulhado em uma guerra civil, em 1990 iniciou a volta à economia de mercado. De que forma o passado desse país explica a sua situação atual? Para responder a essa questão leia o texto (apostila) sobre subdesenvolvimento.
  4. Quais indicadores o autor utilizar para medir o desenvolvimento (ou o subdesenvolvimento) de Moçambique? Explique o que significa cada um deles.

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